IMPLANTODONTIA: Estudo revela tendência em substituir dentes saudáveis por implantes


Em estudo publicado no periódico norte-americano Journal of the American Dental Association, em outubro de 2013, pesquisadores da Harvard University e do Ramban Health Center Care, de Israel, apontam que há uma tendência crescente em extrair dentes saudáveis ou recuperáveis para substituí-los por implantes dentários.



Para chegar a tal conclusão, foram analisados estudos com acompanhamento de 15 anos ou mais, que também contivessem cinco ou mais casos onde isso aconteceu, em uma revisão sistemática da literatura, focada na comparação da sobrevivência de implantes dentários em oposição a dentes naturais tratados e mantidos corretamente. O líder da pesquisa, Liran Levin concluiu que no período de tempo analisado foram perdidos até 13% dos dentes naturais, enquanto entre os implantes esse número chegou a 33%.

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Em janeiro desse ano, pesquisadores da Pennsylvania University, em publicação no Journal of Dental Research, confirmam que dentes legítimos, mesmo quando com tratamento de canal ou periodontal (relacionado à gengiva), excedem a expectativa de vida dos implantes. Em uma observação de 10 anos, eles também afirmam que existe realmente essa tendência para a extração de dentes legítimos para a colocação de implantes e concluem que além de não ser uma intervenção simples ela não é ética.

No Brasil, cerca de 800 mil implantes e 2,4 milhões de componentes de próteses dentárias são colocados por ano, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Médica, Odontológica e Hospitalar (Abimo). De acordo com o implantodontista e presidente fundador da Academia Brasileira de Osseointegração, Julio Cezar Sá Ferreira, todos os tipos de tratamento devem ser considerados antes de optar por extrações e colocação de implantes, pois a preservação dos dentes naturais leva a resultados iguais e até melhores no longo prazo. “O papel dos profissionais da odontologia é garantir um tratamento correto da doença gengival, razão número um das extrações dentárias na população adulta, e, quando necessário, tratar o canal do dente. Só a partir daí é possível reavaliar quais dentes absolutamente não valem a pena serem mantidos e devem ser substituídos por implantes”, afirma o especialista, alertando que manter os dentes e implantes em uma condição saudável é fundamental.

Ele ressalta, ainda, que os implantes são excelentes na substituição e na reposição dos dentes que já foram perdidos, mas é imprescindível que seja feita uma avaliação cautelosa antes de optar pelo procedimento. “Os implantes mudaram a odontologia profundamente, mas o fato de estarem disponíveis não deve ser a razão para extrair dentes recuperáveis, em vez de tratá-los corretamente. Priorizar a preservação da dentição natural resultará positivamente numa odontologia melhor e mais ética. A ciência médica não pode ser produtora e nem refém de modismos”, afirma Sá Ferreira.

Júlio Cezar Sá Ferreira: Residência em Periodontia e Master of Science na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA). Foi o introdutor da Osseointegração no Brasil (1987) e presidente fundador da Academia Brasileira de Osseointegração (ABROSS -São Paulo). Com publicações em periódicos e capítulos de livros na literatura especializada, é especialista em Implantodontia e conferencista internacional. Dedica-se exclusivamente à periodontia e à implantodontia em sua clínica particular em Curitiba. É, ainda, pesquisador associado ao Instituto Butantan, em São Paulo, na área de regeneração óssea através do uso de células-tronco de polpa de dentes de leite e outros biomateriais.






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